26 de jun. de 2010

A caixa

Eram quatro e quarenta o parque fechava em vinte minutos. Precisava ser rápida. Mas onde ? Onde parar ? Que lugar escolher ? Como decidir por um lugar onde eu iria me lembrar para sempre e querer voltar daqui a sei lá quantos anos. Difícil. Pertubador. Por isso demorou tanto tempo. Aquela caixa morou comigo por mais de 04 anos. Mudou de lugar várias vezes pela casa, mas sempre ali fechada. Intocada. Nesse dia, eu abri. Estava decidida a não carregá-la para o novo apartamento. Queria me desfazer de tudo que fosse excesso, peso. Abrir espaço para o vazio, para o novo. E a caixa estava incluída nessa lista. Respirei fundo e retirei o saco que pesava mais ou menos uns 02 kilos de pó grosso preto, cinza. Coloquei na mochila junto com uma tesoura, e parti. Andando no parque confusa, atordoada com a responsabiliade da missão. Tinha que ser rápida, os guardas já circulavam avisando do horário. Comecei a me embrenhar por trilhas isoladas que não passassem muita gente. Fui andando apressada pedindo algum sinal, uma luz, um insight que me apontasse o lugar. Com pressa a tarefa estava se tornando ainda mais agoniante. Mas me recusava a voltar para casa com aquele peso nas costas. Sem a missão cumprida. Só eu sabia o que aquela experiência me custava e me valia . Eram anos de análise. Tropecei numa pedrinha e uma folha grande amarela navegando no céu começou a pousar na minha frente apontando como seta. Uma cachoeirinha intocada com riacho e um canto de pedras formando um banco onde eu pude me apoiar, cortar o saco, despejar as cinzas, acender um incenso e rezar. Ali despejei os restos físicos daquela de onde saí. Fiz uma oração. Conversei, perguntei se ali estava confortável para ela. Me despedi e parti. Leve. Uma grande borboleta amarela foi ao meu lado me acompanhando até a saída da trilha. No caminho agradeci a Sininho, acho que foi ela que apontou o lugar. Os cogumelos me lembram os alimentos do reino encantado. Combinam com fábula e floresta. Quando cheguei em casa fiz essa receita. Patê de cogumelos da Sininho 01 pote grande de champignon 02 col de sopa de azeite virgem ervas de provance ( use o que tiver, pode ser tomilho, alecrim, sálvia, manjericão,salsa..) 02 dentes de alho crú Metade de 01 talo de alho poró pimenta do reino noz moscada * 01 col de azeite trufado ( opcional, mas dá um toque muito especial) 02 col de gergelim crú branco o1 col chá de sal marinho 1/2 limão ( suco) Lave os cogumelos em água filtrada. Coloque no liquidificador todos os ingredientes e bata até virar um creme. Se precisar coloque um pouco de água filtrada. Sirva com palitos de cenoura, aipo, pepino, rodelas de tomate, palmito ou torradas. Convide o Peter Pan e bom apetite ! :-) Obs: A receita pode ser feita bem prática com os ingredientes todos crús e batidos ou pode ser feito um refogado antes juntando o alho, alho poró picado e os cogumelos, e depois de refogar em frigideira bater junto com os outros ingredientes no liquidificador.

2 comentários:

  1. que lindo!
    a receita deu água na boca.
    os ingredientes entraram na lista para o próximo super!

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  2. Júlia, acabo de conhecer seu blog. Uma graça. Parabéns! Talvez você goste de conhecer o meu, que tenho com meus pais e meu filho, Pedro, de nove anos. Somos uma família vegetariana e resolvemos criar este blog para compartilhar algumas das nossas receitas, além de aprender outras tantas também. Postamos um vídeo por semana, com dois de nós cozinhando e ensinando o passo a passo da receita. Quando puder dar uma passadinha lá, me diga o que achou:
    www.vegetarianocomeoque.com.br
    Um abraço

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