29 de mar. de 2011

Memórias

A história verdadeira dos meus pais,eu não sei. Juntei minhas lembranças a fotos, relatos de família e amigos, cartas, diários, documentos,pimenta, salsa e cebolinha e sigo reproduzindo pela vida a fora. Não sei se conheceram mesmo numa festa em Santa Tereza, meu pai com 17 anos cabelos compridos, rosto de anjo que tocava flauta transversa. Minha mãe, mulherão 27 anos trabalhava na Globo já naquela época- 1969. Se eles se amaram verdadeiramente ou se foi apenas uma carência de um dos lados. Se minha mãe foi abandonada antes dele pelo grande amor da sua a vida e por descrença e desistência acabou ficando com meu pai. Ou se para o meu pai minha mãe serviu como uma mãe que ele não tinha e cada um se encaixou nas suas ausências e necessidades de preenchimento. Criei uma história romântica a la "Eduardo e Monica" ,do Renato Russo, onde Monica era mais velha e Eduardo bem mais novo, ela no mestrado e ele ainda prestando vestibular. A parte da história que a minha mãe passou para o mestrado em Paris e minha vó não queria autorizar a ida do meu pai , também não sei se é verdade ou lenda. Se procede que minha mãe já formada e trabalhando como jornalista carregou o jovem rapaz ainda sem profissão para França e Londres, onde ele então fazendo cursos livres descobriu o dom da fotografia que seguiu até o fim da vida. Tio se puder me ajudar a reeditar minha história, agradeço. beijos Sobrinha, Quanto ao seu pai e sua mãe o que sei é que se conheceram através do Bira, o amigo jornalista do Renato que na época trabalhava no mesmo jornal que a sua mãe. E acho que foi uma sorte eles terem ficado juntos e irem para Paris. Isso porque o Renato tinha ido com um amigo gaúcho, o Pingo, irmão do Pereio, de São Paulo para o Rio. E ai acabou tendo contato com um pessoal da luta armada que o convidaram para montar uma rádio clandestina, já que ele fazia caixas acústicas e conhecia eletrônica. A sua avó queria que o Renato fosse para Nova York. O amigo dela, o Júlio, que era relações públicas da Klabin conseguiu um convite para que ele fosse para lá estudar. Seus pais acabaram namorando na Maison de France, onde ele estudava flauta e sua mãe francês. É... acho que foi ótimo terem ido mesmo para Paris. Lá ele foi assistente de um fotográfo e aprendeu tudo sobre fotografia. Acho que foram felizes. É só ver as fotos da época. Mas também é claro que, com um diferença de 10 anos, sua mãe foi tudo para ele em Paris:mulher, amiga, amante e até mãe. Pelo menos até ele aprender a falar francês. Quem sabe bem sobre este período, 2 anos na França e seis meses em Londres, é o casal amigo deles que na época moravam na Alemanha, o Roberto que hoje é psicanalista e a mulher, que trabalhava na Globo . Eles se visitavam e chegaram juntos no Rio, em 1973 indo morar em Santa Tereza. beijos seu tio Memórias, o passado para reconstruir o presente. Um pouco nostálgico, mas gostoso de ouvir,criar, recriar. Me lembrou as sopas, receitas antigas, históricas e gostosas de recriar. Bem tradicional, bem fámilia. Sopa de Cenoura e Gengibre 3 cenouras grandes, raspadas e cortadas em cubos grandes 1 cebola branca grande cortada em quatro 1 pedaço de gengibre fresco Cozinhar em 1 litro de água as cenouras, a cebola e o gengibre. Após cozido, retirar o gengibre e bater tudo (água inclusive) no processador até formar um creme.Voltar ao fogo em panela e acertar o tempero com sal a gosto. Servir em prato fundo. * pode espremer por cima um pouco do caldo da laranja lima para dar um perfume. As memórias!

A Dona da História

Dizem que os acontecimentos da vida têm três verdades: a sua , a do outro e a verdade verdadeira. Nem sempre dá para checar todos os fatos para saber se acreditamos no que realmente aconteceu ou se criamos para nos defendermos. Tive cedo grandes perdas na vida e por isso fatos importantes não foram conversados, confirmados. Depois que postei no blog um texto falando sobre a avó, meu tio filho mais velho, me mandou um email esclarecedor sobre a minha história. Achei tão legal a troca de emails que dei uma editada e reproduzo abaixo. oi Tio, Que bom que agora vem você e me esclarece. Aos poucos vou montando as peças. A invenção foi pelo desconhecimento de causa e necessidade de montar uma história pessoal, para me conhecer melhor e entender de onde vim. Não sei como cheguei nessas verdades. Acho que fui juntando um pouco de tudo que escutei de cada lado, pelas fotos, figurinos, documentos e objetos e fui traçando um roteiro que fizesse sentido. Construí personagens por não conhecê-los suficientemente e o quanto eu gostaria. Há anos sigo pensando que era assim. Vale dizer que mesmo minha história não estando 100 % correta achei bem próxima da real, não foi pura maluquice, fazia sentido. E a verdadeira também é bem interessante, acho até que gostei mais dessa. obrigada um beijo grande Olá sobrinha, Sua tia me enviou o texto do blog sobre a avó. Achei bem legal, bem escrito e interessante, vendo ela através da visão de neta dominical. Só tem alguns reparos de fatos. A sua avó nunca foi vedete de teatro de revista. Antes de casar ela trabalhou na joalheria do Natan, que foi um dos padrinhos do casamento dela. Fez ponta em rádionovela, na Rádio Nacional, no papel de ingênua, dizia ela, onde conheceu o seu avô, o Norberto. Que também nunca foi dono de circo. Começou a carreira sendo ponto de teatro, na companhia do Procópio Ferreira, que era famosa. Tanto que a filha do Procópio, a Bibi Ferreira, foi também madrinha do casamento deles. A partir dai, ele conheceu muitos artistas, como o comediante Colé, o Grande Otelo e também o pessoal do teatro de revistas. Depois, a partir dos anos 50, ele foi tesoureiro da Recebedoria Federal, um ótimo emprego público, que obteve graças a um primo-irmão, o Raniere Mazzili.Com o golpe militar de 64 seu avô foi, então, trabalhar com artistas que ele conhecia, inclusive nos grandes circos, onde era uma espécie de relações públicas, que arrumava os terrenos com as prefeituras, fazia a divulgação, etc. A sua avó também nunca foi sócia do Rotary Club, que é uma instituição conservadora e mantinha o colégio onde estudei aqui em São Paulo, o Rio Branco. Mas achei o texto ótimo, e o resto do que você conta e remonta é real inclusive quando fala dos plásticos que cobriam as cadeiras e sofá e aumentavam o calor nas pernas da gente. Beijos, Seu tio Isso tudo me lembrou a peça "A Dona da História" no diálogo entre a Marieta Severo ( o futuro) e Andréa Beltrão ( o presente) que dizia mais o menos assim : Marieta:- " Vê lá como você vai viver essa historia hein ! Andréa-" Vê lá como você vai contar depois". As histórias são formadas em parte pelo que vivemos e a outra parte fica por conta do que acreditamos que vivemos, as nossas verdades. Em homenagem a essa familia bela e louca tipicamente italiana, segue um risotto ao limão siciliano para celebrarmos a nossa história: Ingredientes: Para o risotto: Arroz arbóreo Vinho branco seco Cebola picada Caldo de legumes feito na hora Limão siciliano (o caldo e raspas da casca) Azeite de oliva Pimenta branca moída na hora Sal (se o caldo já for salgado não precisa) O início de todo risotto sempre igual. Basicamente : Refogue uma cebola picada no azeite até que ela fique molinha, mas sem deixar dourar. Acrescente o arroz e misture bem. Refogue um pouco e acrescente o vinho branco. Deixe reduzir. Cerca de 500ml de vinho para 500g de arroz. Quando o vinho secar, vá acrescentando o caldo de legumes, este deve está bem quente ou fervendo. Acrescente uma concha por vez, continue mexendo até reduzir e acrescente outra, continue nesse processo até o arroz ficar quase no ponto certo (al dente). Quando estiver quase no ponto, acrescente o suco do limão (suco de dois limões sicilianos, o ideal é acrescentar aos poucos e provar para não ficar muito azedo), depois acrescente as raspas de um limão (só a parte amarela para não amargar). Misture bem. Se necessário, colocar mais caldo. Quando o arroz estiver no ponto mexa vigorosamente, desligue o fogo e acrescente duas colheres de sopa de azeite, misture tudo e sirva a seguir. * Receita emprestada do blog Uma pitanga na Cozinha, autoria de Mariana Pitanga.

28 de mar. de 2011

Gelatina de maçã natural

Todo domingo, lá pelas 18h , horário da Ave Maria, ela vem chegando de mansinho... uma espécie de “ tédio dominical”. Acho que tudo começou na infância quando ia lanchar na casa da avó em Copacabana. Chegando na rua já dava para ouvir ao fundo o ruído de narração do futebol no radinho do porteiro. Durante o lanche entrava a musiquinha de abertura dos Trapalhões :" Tãnãnãnã nãnã...tãnãnãnãnã nãnã" e terminava com o " Tchá tchu tchu tchá...Tchá tchú tchú tchá" do início do Fantástico com Isadora Ribeiro saindo da água com uma antena na cabeça. O apartamento impecavelmente limpo. Típico de vó em Copacabana. Os sofás e poltronas eram cobertos por uma capa plástica transparente para não sujar. A pessoa ficava desconfortavelmente sentada com as pernas suando, mantendo tudo eternamente em ótimo estado. A lógica era não usar para não gastar, vai entender... A avó, mesmo sem nunca sair de casa, estava arrumada com unha feita, maquiada, vários anéis , pulseiras, cabelo pintado. Vaidosa que só ela. Também pudera, foi vedete na juventude. Atriz de teatro de revista. Eu adorava mergulhar em seu ármario e vestir os casacos, vestidos, chapéus, luvas, plumas, scarpins e perucas dessa época. No quarto em cima da cama havia uma pintura dela no auge da juventude posando nua. A casa era cheia de autoretratos pelas paredes. Sua companhia era o gato King que pensava ser um cachorro, quando chegava visita ficava em baixo da cama escondido e atacava pulando na perna de quem se aproximasse. Minha avó precisava prendê-lo no banheirinho, King tinha até coleira. Era bravo, branco, gordo e loiro. A coleira era com pedras vermelhas. O apê era completamente kitch. Muita fruta, nozes, uvas, ramas, flores, velas douradas tudo de plástico enfeitando o centro da mesa. Na estante imagens e oferendas a todos os santos de todas as religiões, de buda com arroz e moeda, a Nossa Senhora, deuses indus, orixás, foto da Ama, elefante virado de costas, mantras japoneses, etc. Carpete verde musgo, papel de parede e espelho jateado completavam a decor. No banheiro vários vidros de perfumes importados que acabaram fazia tempo, mas ela enchia de água com anilina amarela, rosa, verde. Ela nunca deixou de ser vedete. Meu avô foi dono de circo, conheceram-se no teatro de revista. Uma vez pedi para me dar um de seus casacos de pele que ficavam guardados num frigorífico. E embora não usasse mais nada daquilo, sabe o que me respondeu? : "- Minha filha anota para colocar no testamento". Dona Cremilda Oliveira frequentava Punta del Este,Buenos Aires e São Lourenço. Fã de Julio iglesias, Roberto Carlos, Simone. Era sócia do Rotary club , usava salto e tamanco. Esmalte e batom sempre vermelhos. Duzentas plásticas no rosto e seios. Cabelos a la Marlin louríssimos. Muita estampa de onça , zebra, cobra , tigre. Pense na Hebe Camargo, esse era o style da vó. Apesar de todas as nossa brigas durante anos , percebo que herdei muita coisa dela, todo o meu lado perua vem daí. Hoje fiz as pazes, perdoei e guardo a imagem de uma personagem, uma figura engraçada, cheia de defeitos mas com qualidades singulares. Eu costumava ficar na sua casa quando minha mãe tinha plantão na redação. Dormir na avó significava dormir de madrugada e acordar meio dia, no fuso horário dela. Durante a noite ficávamos vendo filme e ela me botava para tirar bolinha de casaco de lã com um rolinho do Paraguai. Outro dos lugares que costumava frequentar. Preocupada com o corpo e alimentação. Suas receitas eram lights. Uma sobremesa que tinha sempre em sua límpida geladeira era a gelatina de maçã feita com agar agar. Gelatina de maçã da vedete: 500 ml de água 400 gr de maçã 1 pitada de sal 3 colheres de sopa de agar-agar Sumo de ½ limão 2 colheres de sopa de Agave ou stévia Descasque as maçãs, corte em quatro e cozinhe-as com a água, o agar-agar e o sal, durante 20 minutos. Acrescente o sumo de limão e o Agave ou Stevia . Coloque no liquidificador e bata bem até fazer espuma. Passe para uma forma de pudim . Deixe esfriar e leve a geladeira para solidificar. Para desenformar, coloque a forma em água quente submersa até meio por 1 minuto e desmolde-a para um prato, sirva em fatias como se fosse um pudim. * Como minha avó não me passou a receita peguei essa emprestada do blog português Bitoque Sem Bife a receita é de Beatriz Silva.

22 de mar. de 2011

Curso de Alimentação Natural

O restaurante BioCarioca preparou um curso especial para quem está iniciando na alimentação natural. No primeiro módulo o aluno vai vivenciar dicas práticas da cozinha vegetariana, aprendendo a preparar sucos fortalecedores do sistema imunológico; Usar as substituições dos alimentos industrializados por alimentos naturais, temperando os pratos naturalmente sem aditivos ou corantes; Trocar a carne pelas fontes de proteínas vegetais, elaborando cardápios veganos (sem leite e ovos) e vegetarianos (sem carne). Entre outras maravilhas da cozinha natural! Datas dos cursos: 22/03 - 29/03 - 05/04 Horário: 19:00 as 22:00h Preço: R$ 120,00, incluí apostila e degustação dos pratos. Cardápio do próximo curso: Hambúrguer, geléia com pimenta, grão de bico com tomate e tahine, salada e molho especial, risoto de quinoa, torta de abobrinha com ricota e castanha do Pará, arroz, suco de fruta e torta de abacaxi com frutas secas e coco. Para maiores informações: Ligue para (21) 2236-4125 Horário de atendimento : Domingo a Domingo das 11:30hs às 18:30hs. Rua Xavier da Silveira, 28 - Copacabana - Rio de Janeiro www.biocarioca.com.br