22 de dez. de 2020

Voltei!

Pois foi preciso uma pandemia para me fazer voltar ao Blog.  

Por que parei ?

 Precisava descobrir em que eu iria me transformar, largar minha antiga profissão de mais de 18 anos em produção de tv e me jogar ao nada no escuro , passar um tempo no vácuo, no limbo sem definição, foi assustador e ao mesmo tempo libertador.  

Na paralela tinha que aprender o inglês, que eu achava que sabia mais ou menos, mas que na real não dava para nada e ai entrei em conflito entre escrever em português quando tinha que focar no inglês, tive momentos de pensar que deveria estar com blog em inglês e em outros pensei que não saberia mais escrever em português. E ai paralisei.

Lá se vão quase 8 anos morando na Austrália.

 De lá para cá , me reinventei,  me  formei em uma nova profissão, comecei do zero e finalmente passei a fazer dinheiro, tirei meu visto de permanente, me juntei  , virei madrasta de dois meninos, ganhei  rugas, mais cabelo branco, tive síndrome do pânico, fiz terapia de casal  e meu colágeno já não é mais o mesmo. 

Hoje dou aula de Pilates e trabalho com fitness. Amo. Como nunca pensei nisso antes ? 

Aqui entramos no segundo lock down. Nossa vida estava praticamente normal, sem casos,tudo certo, um sentimento de "vencemos" no ar.

 Quando dá noite para o dia : 5 novos casos, 30, 70 e boom lock down.

 Freiar quando você vem a 100 km/h ,  da um revertério. Dessa vez bateu diferente, um pouco mais profundo.

E eu que na minha rotininha vinha me queixando de ter que acordar as 4:45 am, falei para Deus baixinho, " eu tava brincando viu, não leva a sério meus desejos secretos de algo acontecer para eu não ter que acordar cedo " .

No primeiro lock down eu tirei uma força do ventre e me joguei no mundo virtual com aulas via zoom, aulas para empresas, me promovendo, bombando. Nesse segundo cansei, exausta, sem pilha, sem drive , esquisito.

Será o fim de ano ? Será tristeza  ? Medo ? . Melhor não pensar muito não. Pensar muito também cansa.

Escreve. Quem escreve os males espanta. 

O blog, cadê o blog.? E aqui estou.

Essa semana passei a pesquisar para ceia de natal já que nosso natal mudou agora seremos  só nós dois em casa. 

Encomendei o presunto e vou fazer uma  salada de batata ( falsa) com maionese ( também falsa). Nos 40 +,   low carb não é modinha não, é necessidade. No lugar da batata vai couve-flor e a maionese caseira faz com leite de aveia, vou servir com salada de folhas e de sobremesa uma quiche natureba sem açucar, vegana, toda certa, mára.

A receita da salada vai agora pois já fiz , é mole e delíciosa, a cheesecake deixa eu fazer para ver se dá certo e posto depois, pois pretendo seguir por aqui.


Salada de couve-flor com maionese (fake)

Ingredientes:

1 couve- flor em floretes cozida

2 cenouras em pedaços cozida,

1/2 cebola picadinha crua

1 maço de salsinha

2 talos de aipo picadinho

sal, pimenta a gosto.

Maionese vegana ( receita abaixo)


Misture todos os ingredientes e adicione a maionese, sirva gelada.


Maionese vegana caseira:

200 ml de leite de aveia

1 colher de sopa de mostarda

sal

200 ml de azeite

suco de 1 limão

Misture o leite de aveia com mostarda e bata bem, quando estiver bem misturado adicione o suco de limão, sem parar de bater ( eu uso um mixer de mão) adicione o azeite, o sal e continue batendo até tomar consistência. 


Voilá. Bom apetite e Feliz Natal .

Ufa, consegui, pensei que fosse empacar no meio do primeiro post de retorno.



I am back !



Eu sei, eu sei,  tem séculos que não dou uma postadinha.
Peço desculpas aos meus 247 seguidores.  Durante esse sumiço eu bem que tentei , volta e meia começava a escrever algo, mas no meio do texto travava.  Não por falta de assunto ou novidade,  mas não estava sentinnnnndo sabe. Morando há um ano e meio na Austrália dando um 360 graus na antiga pacata e controlada vidinha, o corpinho da galinha véia pifou e com isso, o cabeção pirou.
Tive que dar uma baixada na bola, entender o que estava acontecendo com minha saúde, qual a mensagem, aprender  e processar.
Mas a vida acontece enquanto a gente planeja, e durante meu processamento para me curar veio o meu bloguinho na cabeça.
To vivinha nega, e o blog também !
Ah ,nesse recesso também tentei começar a postar em inglês , mas vixê, escrever em outra língua parecia que estava escrevendo na segunda pessoa. Não rolou. Mas bom assim. Um passinho de cada vez, isso faz parte do meu aprendizado atual.

Em termos alimentícios, por aqui uma das modas é o Paleo diet, Paleo de Paleolítico mesmo, do tempo das cavernas. Essa filosofia digamos assim, tem além da alimentação uma linha  fitness. O lance ( opa, lance ? sabe aquelas "veínha" que falam cruzeiro em vez de real, meu Deus será que vou ficar igual meu pai que falava Bicho em pleno século 21 )  pois bem no Paleo a alimentação  há centos anos atrás. Eles comem muita proteína, sementes, frutas, mas não comem grãos, incluindo arroz, feijão, milho, e leite e seus colegas). Os exercícios são baseados nos movimentos que os Flinstones faziam para caçar, pescar, viver. Já assisti algumas séries de exercícios do Paleo.
Não sigo a dieta, mas sou uma curiosa da saúde e  curto muito as receitas e as barrinhas protéicas. São bem naturais e saudáveis.
 Aqui em Sydney as vezes como num restaurante Paleo na city- no Martin Place, CBD, o Thr1ves. No site www.thr1ve.me dá para saber mais sobre a filosofia Paleo e o menu do restô.

Outro dia fiz um jantar para um casal de amigos, e Victoria minha amiga inglesa trouxe de sobremesa um bolo de laranja super safe, gluten e dairy free ( sem glutém e sem leite) feito com "farinha" de amêndoa.  Bem Paleo.
Esse bolo é levíssimo. Faço quando tenho visitas em casa, pois periga traçar o bolo todo sozinha.

Anotem:

Orange Cake flourless

Ingredientes:

2 laranjas lavadas com casca
4 ovos
3/4 agave ou mel
2 xíc. farinha de amêndoa
1/2 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento


Modo de Preparo:

Lave as laranjas e ferva com casca em tudo por 1 hora e meia ou até ficarem macias.
Escorra a água e bata as laranjas com casca  no processador até virar uma pasta
Adicione no processador os ovos, agave ou mel,farinha de amêndoas, sal e fermento até ficar bem processado.
Coloque a massa numa forma redonda de aro removível forrada com papel manteiga, ou em forma de bolo untada com azeite.
Coloque em forno pré aquecido. Asse por 45 minutos, faça o teste do palito. ( espete um palito no centro do bolo, se o palito sair limpo é por que esta pronto, se sair cheio de massa deixe mais um tempo assando).
Deixe esfriar na forma.

Sirva com um café ou chá.
Perfeito para um domingão preguiçoso de chuva.






6 de abr. de 2013

Pumpkin with rockets




Hanna estava viajando por dois anos entre Ásia e Europa. Voltou a pouco e trabalha como enfermeira três vezes na semana, mas só até juntar dinheiro para viajar pela África e  América do Sul. Talvez tenha que  dividir a trip em duas etapas e trabalhar no meio para fazer mais dinheiro. Os pais são conservadores e acham que ela deveria pensar em desenvolver uma carreira, construir algo. E Hanna questiona... but what about to live ?

Cinthia é inglesa mora aqui há sete anos trabalha como consultora de meio ambiente para uma empresa na Inglaterra, seu escritório é em casa. Veio para Australia por causa do namorado na época com apenas seis meses de namoro.
Acabou de descobrir que está gravida.
Antes disso o casal passou nove meses viajando num motorhome pela Australia, no final da trip Cinthia foi passar um tempo sozinha em UK entre família e amigos para dar um respiro na relação depois de tanto tempo juntos dentro de um carro.
Agora Cinthia pensa em talvez se mudar para India, não quer criar o bebê na cultura de "babychino". Para ela Australiano só pensa em café e em reformar a casa.

Kate é americana,  deve ter seus 50 e muitos,  naturopata,  foi casada por 20 anos com um velejador.
Não precisa trabalhar mais, vive em sua confortável casa com a gata, Giovanna. Veleja, faz stand up paddle, yoga, o meio de transporte é a  bike,  super orgânica, desde o material de limpeza, xampu, pasta de dente , papel higiênico. Roupa só compra em brechó, tem pavor de saco plástico e embalagens em geral. Uma  das mais antigas voluntárias na cooperativa de orgânicos onde trabalho.
Ela é tão rasta , mas tão ecofriendly que agora fui lavar roupa e no lugar de sabão em pó havia um pote com bicarbonato de sódio,  vinagre e outro com sal, fiquei meio perdida e resolvi lavar na mão mesmo com sabonete de cera de abelha.
Estou hospedada aqui enquanto Kate passa uns dias em Byron Bay fazendo um curso de autoconhecimento. A casa é repleta de incensos, imagens de buda, deuses indianos, e conchas. Livros de Dalai Lama, Deepak Chopra, astrologia, Kama Sutra, culinearia macrobiotica etc...Na cozinha sal do himalaia rosa- a colherzinha do sal é uma concha, missô, umeboshi, vinagre de arroz, lentilha rosa,  amarela, verde e marron, algas e chás. Uma casa hippie chic, muito confortável, com bons móveis, quadros originais, panelas Le Creuset, equipamentos de culinária todos de ótima qualidade, banheira de hidromassagem e tudo que tem direito.
Kate não se acha radical . Hoje está estudando uma religião chamada Shanti Christi que fala de Cristo, há um tempo atrás se recusaria a ler qualquer coisa relacionada a Bíblia e já não pensa mais assim.
Essa religião ou filosofia fala que só existem dois caminhos o do medo e do amor. E que se silenciarmos e nos perguntarmos o que o amor quer, saberemos sempre o caminho a seguir.

Bill é designer de óculos escuros. Passa metade do tempo em Bali em sua mega casa que alugou a dois mil dólares o ano em uma praia paradisíaca. Vende roupas de Bali e produz seus óculos de sol, tem umas 10 pranchas de surf em Manly e outras 20 em Bali.
É meio revoltado com a Austrália e o life style yupie de Northern Beaches. Cabelo comprido, uma boina  Che Guevara, não bebe, não fuma, toma muito chá, granola, e chocolate orgânico com licorice , nisso ele é viciado. Vai na cooperativa every single day em sua bicicleta com a caixa de papelão para colocar os produtos.
Já foi para o Egito, Índia, rodou toda a Asia e  África, a casa é decorada com tecidos pendurados, luzinhas em forma de flor, imagens de Ganesha velas e incensos.

John, 36 anos, baterista , tem um jardim orgânico em casa onde passa horas todos os dias , faz Tai Chi e outras artes marciais. Curte a cena rave, trance, transcedental galera do bem que abraça árvore. Usa camisetas com imagens em paintbrush, com símbolos do zen , hinduísmo, Tao, yoga, meditação, psicodelico, telurico.
Fala sempre no superlativo, seus amigos são os mais tops em suas áreas, o amigo fotógrafo tem a câmera mais fudência, a festa trance aborígena foi a mais incrível dos últimos tempos.  O cara que conheceu no aeroporto toca Harmonica e  é famoso em Brasília, ( opa, quem mesmo ?) ele faz com que me sinta uma ignorante, falando num tom de obviedade - Não conhece ? Ele tocou com os Meninos Cantores de Viena,  fizeram um show com os aborígenas no Ópera House, não soube ?   - Hein ? harmônica para mim era um instrumento de música erudita, demorei um tempo para entender que harmonica é gaita inglês.
Foi ver o eclipse do sol em Cairns e voltou de lá com adjetivos extratosféricos. Como sick, amazing, fuck, out of control, massive, incredible, mind blowing e outros tantos que não entendi. Ele usa muita onomatopeias, faz uns sons esquisitos, dá uns gritos, do nada faz uns movimentos de tai chi.  Está de saco cheio do trabalho burocrata na empresa de softwares onde entra as 5 da manha e termina ao meio dia.  Adora a cultura Sul Americana ,  fala espanhol e um pouco de português.

Steve é bombeiro, professor de yoga, não bebe, não curte balada. Gosta de acordar as cinco horas da manhã e caminhar na praia para ver o nascer do sol.
Já foi para o Hawaii várias vezes. Surfista, óbvio. Vegetariano. Adora bife de gluten. Se acha chato por que não gosta de fazer muita coisa, só coisa saudável. Trabalha bastante e tem mil incentivos do governo. Quer ir para o Brasil e por isso está aprendendo português. Aprendeu yoga sozinho e português idem, via internet. Aqui todo mundo é meio auto-didata. Estudam pela internet, com livros e revistas. Estou trocando aulas de português por inglês com ele.

Esses personagens têm me ensinado uma maneira mais livre de viver. Todos possuem um "open mind" interno, natural, meio cultural. Prioridade aqui é viajar, viver, and have fun.

Por aqui aprendi também uma nova maneira de usar abóbora, uma salada clássica australiana. Bem simples e deliciosa.


Pumpkin with rockets!
( as quantidades dos ingredientes fica ao seu critério)

Ingredientes:

- Metade de uma abóbora cozida no forno, pode ser qualquer tipo de abóbora.
-  Espinafre, crú
- Rúcula
- Tomate cereja
- Tomate seco
- Queijo branco em cubos
-  Pinole ou nozes

Molho:
-Aceto balsamico
-Azeite
-Sal
- Pimenta

Modo de Preparo:
Em um bowl misture bem os ingredientes da salada com o molho.

Have fun !
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23 de nov. de 2012

Novos hábitos





Segundo o budismo de Nitiren Daishonin são cem dias para mudar
um hábito, acostumar com algo novo.
Acabo de completar meus primeiros 100 dias in "Aussie's Land".
E continua sendo estranho.
Não sei dizer ainda se gosto ou não, só sei que já mudei muito. De ideia, moral, conceitos, costumes, opinião, de certezas.
Não sei me descrever, nem para preencher um simples cadastro de curriculo, traçar o perfil no Linkedin.
Quais os meus hábitos, preferências, medos ?
Não sei mais !
Juro que sabia, achava que sabia.
Tá. Mas você quer trabalhar com o quê ? Hein ??? Xiii... Vou ali pensar mais e volto já.
Aquela que achava que era forte, destemida, independente, auto suficiente, virou uma franguinha, que não gosta mais de ficar sozinha em casa, quer conversar com qualquer um e chora num piscar de olhos. A que implicava com tudo, cheia de manias. Agora só tem uma.
Mania de ser feliz.
Não importa mais nada.
A palavra que australiano usa para tudo: Enjoy ! Virou mantra, o meu carpe diem.
Tem que valer a pena, cada pessoa, cada lugar, cidade, trabalho, cada perrengue, só dura o tempo que tiver valendo a pena. Parou de valer a pena é hora de mudar. A liberdade é tão grande que ao mesmo tempo que acalma, também assusta.
As oportunidades surgem a todo instante, a vida acontece por semana, o salário é pago semanalmente, o aluguel também.
Você faz dinheiro e paga as contas. Se não trabalhar numa semana, dobra na outra.
E se não gostar do trabalho não precisa sofrer é só avisar que na semana que vem você vai viajar ou arrumou outro trabalho e pronto.
Uma semana de aviso prévio é tipo, very polite.
É que na real, ninguém tá nem aí pro seu draminha pessoal. Assim como em lugar nenhum, mas aqui o povo nem disfarça.
O café da manhã, "brekie" é a refeição de destaque. Australiano sai muito mais para tomar café da manhã do que para jantar para fora.
No geral são bem junkies mas existem opções além de bacon and eggs.
Para minha surpresa um prato de sucesso é o bom e velho mingau. Feitos com uma mistura de várias sementes ( de abóbora, girasol, macadamia, pistache,..) aveia ou flocos de arroz ( na versão gluten free) misturadas no leite ou água adoçado com mel ou mapple e frutas secas.
Outro hábito saudável é o abacate no lugar da manteiga para passar no pão.
Não chega a ser um guacamole, bem mais simples que isso, é só o abacate direto na torrada, com sal e pimenta.
Está em todos os cardápios : toast with avocato.
Não sei se é por que aqui não tem requeijão mas até que eles são bem originais nos complementos para as torradas. Tem pelo menos umas cinco opções : cogumelos salteados, ovo poche , salmão defumado, manteiga de amendoim e o estranhissimo vegemite.

Vou seguindo por aqui experimentando novos sabores.
Já já eu conto mais.



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17 de set. de 2012

Quebrando padrões




Segundo mês em terra estrangeira.
Rotina de cabeça para baixo.
Eu que era cheia de regras e padrões, fã de uma disciplina quase xiíta fui obrigada a me tornar bem mais flexível.
Encarando como um processo de evolução.

Comecei a trabalhar alguns dias da semana como barista num restaurante badalado de Manly beach. Um bom lugar para entender a cultura australiana.
Fiz um curso de um dia para aprender todas as formas de cafés possíveis. Os Aussies levam esse papo de café a sério.
O que antes para mim era só um café com leite virou latte, flat white, mocca, cappuccino...
Australiano é tão tarado com café que inventaram até o babyccino, espuma do leite com chocolate em pó e um bolinha de marshmellow para a criança tomar enquanto os pais saboreiam o cappuccino.

As vezes me perco entre o ponto adequado da cremosidade do leite e entender o pedido do cliente : " I would like a weak flat white with one equal , please ".
A parte do weak eu entendi, um café fraco, mas what a fuck means equal ?
E uma eternidade se passa, a fila aumenta até eu descobrir que é a marca do adoçante.

A vida de restaurante é ralação física, fora fazer café e cuidar de toda a parte de bebidas têm a limpeza do bar e a reposição o que significa subir e descer até o estoque carregando caixas de vinho, kilos de grãos de café, cervejas e afins. E haja coluna.

Trabalhando aos sábados e domingos a noite e com folga segundas e terças, a mini depressão de domingo das seis da tarde ficou sem lugar.Domingo ficou com corpinho de sexta.

A moda aqui em Northen Beaches é bem anos 80, tênis Vans, com e sem cadarço, All Star de cano longo. Calças coloridas, vermelha, azul, amarela. As meninas usam coques descabelados feitos bem no alto da cabeça, quanto mais alto melhor. Shortinho jeans com meia calça e botas. Chinelo com calça jeans surrada e muitos andam descalços mesmo.

Para alguns surfistas é comum morar no carro , em vans , atrás do banco do motorista abre uma cama. Conheci um japa que morou seis meses estacionado em frente ao pico de surf que ele gostava. Comia banana no café da manhã, surfava, ia trabalhar na fábrica de sushis cortando peixe , aproveitava para almoçar e jantar sushis. O banho era nos banheiros das praias, que aqui são limpos. Custo de vida quase zero.
Agora Yuki casou. Convenceu a namorada a vir do Japão e para isso precisou pedir a mão dela em casamento e se mudar para uma casa, a familia da Yuna não permitiu que ela viesse sem um endereço postal.


Semana passada descobri uma rede fast food gluten and dairy free muito legal, chamada Iku , tem em vários lugares da cidade. Comi bolinho de arroz com algas e fiquei de olho na torta de abóbora japonesa. Dá para ver o cardápio no site www.iku.com.au.

Xi, preciso ir para aula agora.

Sigo por aqui reaprendendo a viver, jogando fora o que não serve mais e catando o que estava perdido.

2 de set. de 2012

Beetroot dips



Hoje completa um mês que estou na Australia e apesar da solidão, os dias passam voando.
Fiquei sócia da library aqui do lado de casa, uma biblioteca gigante cercada de verde, com acervo incrível. Posso pegar livro, revista, dvd, cd, whatever e devolver como nas locadoras, basta jogar o livro na caixinha.
Ontem começou a primavera por aqui.
Hoje é domingo, dia dos pais, tá um sol lindo. Daqui a pouco vou fazer um trainning na cooperativa de orgânicos. Me candidatei como voluntária para ajudar numa loja super rasta, tudo unpacked, você deve levar seu vidrinho, potinho, saquinho para embalar e comprar os grãos, frutas secas, mel, farinha, xampu, shoyu, azeite etc , além claro da sua sacola ecobag.
Agora é noite, lua cheia já voltei da cooperativa.
O trabalho foi basicamente no caixa da loja e repondo os itens que faltavam. Foi bem legal, todos que trabalham são voluntários. Ninguém recebe, não tem chefe. Em troca das horas trabalhadas ganhamos 30% de desconto em compras nos produtos da loja. E lá é tudo mais em conta, com preço justo. A loja divide o espaço com o Enviroment Center e o Surfrider Foundation of Manly, uma galera ligada a permacultura, ecoturismo, surf e afins. Tudo muito green.
Como também tenho que fazer o replacement dos produtos, está sendo bom para aumentar o vocabulário, fico procurando no estoque por produtos com nomes que não tenho ideia do que significam, como por exemplo, what a fuck means pearl....até finalmente descobrir o saco onde tem o refil da cevada.

Ontem a noite fui numa baladinha, aqui tem muita música ao vivo,sempre um cara tocando Ben Harper, Pearl Jam. Coisa que no Brasil eu detestava, aqui eu to gostando.
Assim como várias outras coisas. Aqui é um bom lugar para quebrar padrões e mudança de conceitos.
Semana passada, meu flatmate deixou um bilhete para que eu esperasse o cara da máquina de lavar roupa.
Acordei, tocou o interfone. Abri a porta de moleton, casacao de lã, meia e pantufas, só faltou o gorro.
- Morning...
- " Hey how are ya going luv !" ( mulher eles chamam de luv e homem mate).
Ainda sem entender direito , esfreguei os olhos.Pisquei três vezes e realizei.
Dois loiros tatuados entrando com a máquina de lavar , tentando colocar na mini lavanderia do apê com 6 pranchas empacando a entrada.
Hey luv, Are you a surfer ?
No,... I used to be.... but...
Where are you from ?
Um de Floripa outro de Porto Alegre. Um designer e outro advogado, ambos entregando máquina e dali saindo para o surf.
Acontece direto,andando de carro do nada na sua frente encosta um caminhãozinho tipo da light e desce um ser de macacão só que ao invés de puxar a escada de cima do carro ele tira a prancha e por baixo do macacão já está com long john. Hora do almoço é hora de surfar.

Aqui em todo mercado vendem vários tipos de pastinhas para comer com dips.
Uma das mais famosas é a de beterraba.
Apaixonei.
A receita original é um pouco mais heavy pois colocam açucar.
Adaptei para ficar mais light.

Beetroot Dip
Ingredientes:
4 xic de beterraba cozida
4 dentes de alho crú
1/2 xic de amendoa hidratada em agua filtrada ( deixe hidratando de um dia para o outro na geladeira em recipiente fechado)
1 col sopa Azeite de oliva
Pimenta do reino
1 limão espremido
1 xic de Salsa
1 col sopa Oregano
1 col sopa Ervas finas
Bata tudo no processador e sirva com chips de arroz, milho , palitos de cenoura, aipo, pepino, couve flor cozida, etc.

Para saber mais da cooperativa dá uma olhada no site : www.manlyfoodcoop.org


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30 de ago. de 2012

Life style - wrap




- "O que me preocupa é você buscar algo que não existe. Você querer uma felicidade inatingível. Algo perfeito, colorido, mas que não é real. Meu medo é você passar a vida buscando e não encontrar. A felicidade está no aqui, agora, nessa vidinha mesmo, não está tão longe assim. A vida é isso."
Ouvi atentamente e entendi a preocupação da amiga com a minha decisão.

Entendi, mas não concordei.

Depois de atravessar o oceano , na primeria caminhada costeando praias com cenários deslumbrantes.
De correr em pistas de corrida cada uma mais perfeita que a outra, com bebedouro no caminho para matar a sede.
De chegar no ponto de ônibus mandar uma mensagem de texto pelo celular com o número do ponto e receber em seguida em quantos minutos o ônibus vai chegar.
De voltar para casa caminhando pela rua deserta e escura ouvindo música sem um pingo de insegurança.
De pegar móveis e utensilios da rua para montar o apê.
De deitar na grama em frente a praia para ler um livro com o sol aquecendo.
De nadar na pisicna pública de 50 metros, com vestiário para tomar banho com tudo limpo.
De não ver lixo nas ruas.
De estacionar sem flanelinha.
Descobrir que o shoping fecha as 5 pm por que afinal quem trabalha lá precisa viver também.
Perceber que as praias e parques de repente ficam cheias no meio da tarde quando os pais depois do trabalho vão aproveitar o resto do dia com as crianças em alguma atividade ao ar livre.
De resolver burocracias em 30 minutos sendo bem atendida.


Percebi que o que busco não e tão irreal, ou impossível assim.
Não é muito, pelo contrário, é bem menos, é simples.

Me sinto mais leve sem a paranóia da violencia escondida.
Sem o stress para ir e voltar do trabalho.
A dureza do dia a dia, de ralar para não aproveitar nada.
Onde ter um carro é como sustentar um filho.
Porque tudo é muito mais difícil do que deveria ser.

Vim para um lugar onde não é estranho ou hippie você priorizar a vida, o bem viver.
O foco não é uma mega carreria , com muita grana e pouco tempo.
Aqui não tem muita diferença social, a garçonete ganha o suficiente para viver bem, morar num apê perto da praia, viajar e comer. Assim como o médico.

Amiga, pode ficar tranquila que o que busco e quero existe sim.

E nesse life style simples o que tenho comido diariamente são os
healthy wraps.
Misturo vários vegetais como cebola, nirá, cenoura ralada, repolho ralado, espinafre, cogumelos, noz moscada, pimenta do reino, shoyo, azeite. Se estiver um dia frio cozinho al dente, se estiver calor faço como salada , tudo cru mesmo.
Vou variando as proteínas tem dia que é salmão defumado, outros atum (só comecei a comer com atum quando finalmente aprendi a usar o abridor de lata estilo inglês), frango em cubos free range ( o nosso caipira), ovo cozido ou pedaços de tofu.
Depois é só enrolar em folha de alga de sushi, papel de arroz, wrap sem gluten ou em folha de alface mesmo.
Como no almoço e levo para jantar meu sanduiche.
Fácil simples, e saudável.




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