29 de mar. de 2011

A Dona da História

Dizem que os acontecimentos da vida têm três verdades: a sua , a do outro e a verdade verdadeira. Nem sempre dá para checar todos os fatos para saber se acreditamos no que realmente aconteceu ou se criamos para nos defendermos. Tive cedo grandes perdas na vida e por isso fatos importantes não foram conversados, confirmados. Depois que postei no blog um texto falando sobre a avó, meu tio filho mais velho, me mandou um email esclarecedor sobre a minha história. Achei tão legal a troca de emails que dei uma editada e reproduzo abaixo. oi Tio, Que bom que agora vem você e me esclarece. Aos poucos vou montando as peças. A invenção foi pelo desconhecimento de causa e necessidade de montar uma história pessoal, para me conhecer melhor e entender de onde vim. Não sei como cheguei nessas verdades. Acho que fui juntando um pouco de tudo que escutei de cada lado, pelas fotos, figurinos, documentos e objetos e fui traçando um roteiro que fizesse sentido. Construí personagens por não conhecê-los suficientemente e o quanto eu gostaria. Há anos sigo pensando que era assim. Vale dizer que mesmo minha história não estando 100 % correta achei bem próxima da real, não foi pura maluquice, fazia sentido. E a verdadeira também é bem interessante, acho até que gostei mais dessa. obrigada um beijo grande Olá sobrinha, Sua tia me enviou o texto do blog sobre a avó. Achei bem legal, bem escrito e interessante, vendo ela através da visão de neta dominical. Só tem alguns reparos de fatos. A sua avó nunca foi vedete de teatro de revista. Antes de casar ela trabalhou na joalheria do Natan, que foi um dos padrinhos do casamento dela. Fez ponta em rádionovela, na Rádio Nacional, no papel de ingênua, dizia ela, onde conheceu o seu avô, o Norberto. Que também nunca foi dono de circo. Começou a carreira sendo ponto de teatro, na companhia do Procópio Ferreira, que era famosa. Tanto que a filha do Procópio, a Bibi Ferreira, foi também madrinha do casamento deles. A partir dai, ele conheceu muitos artistas, como o comediante Colé, o Grande Otelo e também o pessoal do teatro de revistas. Depois, a partir dos anos 50, ele foi tesoureiro da Recebedoria Federal, um ótimo emprego público, que obteve graças a um primo-irmão, o Raniere Mazzili.Com o golpe militar de 64 seu avô foi, então, trabalhar com artistas que ele conhecia, inclusive nos grandes circos, onde era uma espécie de relações públicas, que arrumava os terrenos com as prefeituras, fazia a divulgação, etc. A sua avó também nunca foi sócia do Rotary Club, que é uma instituição conservadora e mantinha o colégio onde estudei aqui em São Paulo, o Rio Branco. Mas achei o texto ótimo, e o resto do que você conta e remonta é real inclusive quando fala dos plásticos que cobriam as cadeiras e sofá e aumentavam o calor nas pernas da gente. Beijos, Seu tio Isso tudo me lembrou a peça "A Dona da História" no diálogo entre a Marieta Severo ( o futuro) e Andréa Beltrão ( o presente) que dizia mais o menos assim : Marieta:- " Vê lá como você vai viver essa historia hein ! Andréa-" Vê lá como você vai contar depois". As histórias são formadas em parte pelo que vivemos e a outra parte fica por conta do que acreditamos que vivemos, as nossas verdades. Em homenagem a essa familia bela e louca tipicamente italiana, segue um risotto ao limão siciliano para celebrarmos a nossa história: Ingredientes: Para o risotto: Arroz arbóreo Vinho branco seco Cebola picada Caldo de legumes feito na hora Limão siciliano (o caldo e raspas da casca) Azeite de oliva Pimenta branca moída na hora Sal (se o caldo já for salgado não precisa) O início de todo risotto sempre igual. Basicamente : Refogue uma cebola picada no azeite até que ela fique molinha, mas sem deixar dourar. Acrescente o arroz e misture bem. Refogue um pouco e acrescente o vinho branco. Deixe reduzir. Cerca de 500ml de vinho para 500g de arroz. Quando o vinho secar, vá acrescentando o caldo de legumes, este deve está bem quente ou fervendo. Acrescente uma concha por vez, continue mexendo até reduzir e acrescente outra, continue nesse processo até o arroz ficar quase no ponto certo (al dente). Quando estiver quase no ponto, acrescente o suco do limão (suco de dois limões sicilianos, o ideal é acrescentar aos poucos e provar para não ficar muito azedo), depois acrescente as raspas de um limão (só a parte amarela para não amargar). Misture bem. Se necessário, colocar mais caldo. Quando o arroz estiver no ponto mexa vigorosamente, desligue o fogo e acrescente duas colheres de sopa de azeite, misture tudo e sirva a seguir. * Receita emprestada do blog Uma pitanga na Cozinha, autoria de Mariana Pitanga.

2 comentários:

  1. Cada vez fica mais iteressante esse seu Blog.
    Êta família com histórias maravilhosamente interessantes para contar! Prato cheio para um profissional em jornalismo. Beijos

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  2. Ai, que linda essa história de "correções" de história de família!

    Eu adoro qdo, de repente, no meio de uma atitude que eu acho que é "original" minha, surge um comentário e descubri que minha bisavó fazia igualzinho... Ou qdo começo a reparar que algumas das minhas posturas que mais me definem são apenas uma releitura moderninha das manias do meu bisavô...

    Bjos!

    http://incluindoestilo.blogspot.com/

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